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Geografia do enfarte

Segunda-feira, 16 de junho de 2014

Última Modificação: 05/11/2018 13:49:26


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Pesquisa revela que mortalidade está em queda no Sul e no Sudeste, mas aumentou no Norte e no Nordeste; melhoria no poder aquisitivo teria ligação com o número de casos

O que poderia explicar o aumento dos casos de doenças cardíacas no Norte do país? A quantidade maior de casos pode estar relacionada a novos padrões de consumo. “Com melhor distribuição de renda na região, muitas pessoas conseguiram sair da faixa de pobreza.

A literatura médica comprova que o aumento do poder aquisitivo de populações pobres altera as tendências de mortalidade por doença cardíaca”, comenta o cardiologista José Rocha Faria Neto. Alterações nos hábitos alimentares são, provavelmente, os fatores mais significativos – o aumento na incidência de obesidade é comum em regiões que cresceram economicamente.

Os dados ganharam evidência em um estudo realizado por pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) em colaboração com a Universidade de Cambridge (Inglaterra) e Universidade de Roterdã (Holanda). A pesquisa revelou que a taxa de mortalidade de brasileiros com mais de 20 anos de idade em decorrência de cardiopatia isquêmica (enfarte do miocárdio), em queda desde a segunda metade do século passado, interrompeu a tendência de queda e ficou estável entre 2000 e 2010.

A pesquisadora Cristina Pellegrino Baena destaca ainda um detalhe que agrava a descoberta do estudo e evidencia as disparidades sociodemográficas do Brasil: enquanto o Sul e Sudeste registraram redução das taxas de óbito por cardiopatia isquêmica, os índices do Norte e Nordeste cresceram.

A pesquisa analisou o número de mortes por cardiopatia isquêmica registrado oficialmente em diferentes faixas etárias e comparou com dados demográficos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), associando à renda familiar per capita por região. A principal hipótese levantada pelo estudo para explicar a diferença significativa entre as taxas de mortalidade de região para região é que o Norte e Nordeste experimentaram um crescimento econômico maior na primeira década do século 21, alterando o perfil epidemiológico da população.

A queda na mortalidade observada no Sul e Sudeste, por sua vez, poderia ser reflexo do acesso melhor à saúde, aos tratamentos modernos e, principalmente, ao controle mais eficiente dos fatores de risco. Com base nas tendências observadas, a equipe de pesquisadores elaborou projeções para 2015 e constatou que, se essas discrepâncias regionais continuarem, a diferença entre o número de mortes no Sul e Norte do país será ainda maior.

Para homens, a taxa de mortalidade relativa ao ano 2000 comparada à projetada para 2015, por 100 mil habitantes, vai de 58,1 casos para 87,9 no Norte, e de 69 para 105,4 no Nordeste. Sul e Sudeste continuarão registrando redução de óbitos: de 134,4 para 88,3 e de 127,6 para 98,7, respectivamente.

Fonte: gazeta

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