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Um ano para fortalecer o ensino superior do Paran?

Terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Última Modificação: 05/11/2018 13:57:12


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João Carlos Gomes, secretário estadual da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior

O ano de 2014 deve ser promissor para o ensino superior paranaense. Se depender dos planos encabeçados pela Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), as sete universidades estaduais terão verba extra para investir na estrutura dos cursos, um novo sistema aproximará mais o setor produtivo e a comunidade acadêmica e serão dados importantes passos para a internacionalização das instituições.

Esses foram alguns dos compromissos para este ano adiantados pelo secretário João Carlos Gomes em entrevista à Gazeta do Povo. Há quatro meses à frente da Seti, o ex-reitor da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) afirma que a turbulência que envolveu o ex-secretário Alípio Leal não trouxe consequências aos projetos da secretaria. Leal foi exonerado em agosto de 2013 após uma operação da Polícia Federal revelar supostas irregularidades no Instituto Federal do Paraná (IFPR), do qual Leal foi reitor. Confira os principais trechos da entrevista:

Acompanhamos frequentes notícias sobre a falta de recursos em outras secretarias do estado e o senhor assumiu a pasta depois de uma polêmica envolvendo o ex-secretário. Qual era a situação da secretaria quando assumiu?

Era muito boa e isso eu notava enquanto era reitor da UEPG. Apesar dos problemas que ocorreram no fim de 2013, eles não afetaram diretamente a instituição ou os projetos da secretaria. Conseguimos administrar muito bem nosso orçamento e cumprir nossas metas. Se levarmos em conta a proporção de alunos, o Paraná é o estado que mais investe em ensino superior – 60% de todos os universitários do estado estão matriculados em alguma das sete universidades estaduais. Em números absolutos, perdemos apenas para São Paulo, que tem um orçamento muito maior e onde há 160 mil alunos nas universidades estaduais. Nós temos 85 mil e, em seguida, vem Bahia, com 45 mil, e Rio de Janeiro, com 29 mil. O Paraná investiu R$ 2,1 bilhões nas universidades estaduais em 2013, enquanto a Bahia, por exemplo, destinou R$ 900 milhões. Para 2014, estão previstos R$ 2,3 bilhões às universidades estaduais.

Há novos projetos para este orçamento?

Sim. O primeiro grande investimento de 2014 deve ser em infraestrutura. Entre fevereiro e março, vamos repassar R$ 40,5 milhões para a infraestrutura dos cursos de graduação e pós-graduação. São recursos extras que não estavam previstos nos orçamentos destinados a cada universidade. Além disso, implantaremos efetivamente em 2014 o nosso Parque Tecnológico Virtual, que dará apoio ao empreendedorismo nas cidades onde há universidades estaduais. Com ele, vamos montar um banco de dados sobre pesquisadores de todo o estado, divididos por área, e colocá-los em contato com o setor produtivo. Quando uma empresa quiser desenvolver determinado produto, ela pode procurar por um escritório do Parque Tecnológico Virtual e saber quem é e onde está o pesquisador que pode ajudá-la no projeto.

O programa tem a ver com a Lei de Inovação, regulamentada no ano passado?

Ele só foi possível graças à Lei de Inovação. Antes da lei, um pesquisador de universidade simplesmente não podia firmar parcerias com o setor produtivo. Essa era uma situação na qual, não só o Paraná, mas todo o Brasil estava muito atrasado. E embora a lei não esteja completamente regulamentada – pois ainda restam alguns itens que devem ser definidos até março – já estamos usufruindo dela. A Lei de Inovação viabilizou também o Tecnova, uma parceria com a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), voltado ao crescimento rápido de micro e pequenas empresas. O edital já foi elaborado e serão selecionadas 75 empresas que receberão de R$ 180 mil a R$ 600 mil de apoio, com recursos dos governos estadual e federal.

O Paraná foi um dos últimos a ter uma Lei de Inovação. Isso não deixou o estado em desvantagem?

Na verdade, isso teve seu lado bom, pois pudemos nos basear nas experiências positivas e negativas de outros estados, o que deu origem a um texto muito bom. Fora isso, se olharmos a quantidade de doutores que temos no estado, logo percebemos que o Paraná é um privilegiado. Só nas universidades estaduais estão 3,7 mil doutores, o que dá uma amostra do tamanho do nosso potencial. O nosso desafio agora é colocá-los em contato com o setor produtivo e essa mudança de cultura é fundamental. Somos um país que está relativamente bem colocado no volume de artigos produzidos, mas somos o 58.º quando se fala em patentes. Isso ocorre porque há uma separação histórica entre setor produtivo e academia.

E quanto à Unespar? Em 2013, a universidade definiu a Reitoria, mas o vestibular ainda não foi unificado. Isso vai ocorrer em 2014?

Sim, no fim de 2014 teremos o primeiro vestibular unificado da Unespar. Esse será um ano em que trabalharemos a uniformização dos procedimentos. Desde o momento em que o estatuto e o credenciamento da Unespar foram aprovados, deixaram de existir aquelas sete faculdades estaduais, que agora passam a ser os campi da instituição.

O tema da internacionalização tem ganhado grande destaque nos debates sobre ensino superior. Essa também é uma preocupação da secretaria?

Com certeza. Nossas universidades estaduais já participam ativamente do Ciência sem Fronteiras, mas queremos oferecer algo a mais. Lançaremos neste ano o Paraná Fala Inglês e a Casa do Visitante Internacional. O Paraná Fala Inglês será um curso preparatório para o exame de proficiência Toefl. Poderão participar estudantes, professores e servidores das universidades estaduais. Já a Casa do Visitante será baseada nas experiências que vemos em universidades da Europa e Estados Unidos, onde professores e estudantes estrangeiros contam com uma residência onde podem ficar algumas semanas. Cada uma das sete universidades terá sua própria casa, para que assim possamos não apenas enviar estudantes e professores ao exterior, mas também recebê-los.

Fonte: gazeta

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