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Câmbio alto já aparece nos preços

Segunda-feira, 23 de julho de 2012

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Com dólar na casa dos R$ 2, empresas que dependem de insumos importados começam a repassar a alta para o consumidor

O novo patamar do dólar – que está rondando a casa dos R$ 2 há dois meses – já começa a surtir efeito nos preços de alguns produtos. Empresas que importam mercadorias acabadas ou dependem de insumos adquiridos no exterior ou cotados em dólar estão repassando o aumento da cotação. Os reajustes vão de 10% a 15%.

O dólar afeta os preços de roupas, alimentos e bebidas importados, viagens e bens que dependem de insumos comprados no exterior, como eletroeletrônicos.

A Positivo Informática já reajustou entre 10% e 15% os preços dos seus computadores, segundo o presidente do grupo, Helio Rotenberg. “Não há como não repassar. Boa parte dos nossos insumos usados na fabricação das máquinas são importados”, diz ele. Apesar da alta, ele diz não acreditar que o reajuste vá inibir consumo. “Acreditamos apenas que o cliente vai preferir versões de máquinas mais simples, para compensar”, diz.

Nesse mês a importadora de alimentos e bebidas Porto a Porto reajustou em 10% dos preços de cerca de 500 itens e, à medida que sejam fechados contratos com o novo dólar, outros produtos devem passar por aumentos, segundo Pedro Corrêa de Oliveira, diretor-geral da empresa. “Itens como azeite de oliva subiram 15% e o bacalhau aumentou 12%. Mas em algumas linhas, como vinhos de entrada, que têm preços menores, não conseguimos repassar o efeito do câmbio”, diz. A empresa, que comercializa produtos como conservas, azeites, bacalhau, doces, cervejas e vinhos, importa 100% dos cerca de mil itens do seu portfólio, que vêm principalmente do Chile, Argentina, Portugal, Espanha, Itália e França.

As encomendas para a coleção de roupas de primavera e verão da loja Capitollium já estão sendo feitas com o dólar “novo”. “Os importadores estão com preços entre 10% e 15% superiores ao do ano passado”, diz Christopher Oliver, proprietário. Segundo ele, as roupas nacionais também estão mais caras, porque muitas confecções, por questões de custo e variedade, passaram a comprar boa parte dos tecidos no exterior.

Conta-gotas

Os aumentos, porém, não são generalizados e vêm sendo feitos a “conta-gotas” pelas empresas. “Como tínhamos estoques, o repasse não foi feito de uma vez só”, diz Eduardo Sokoloski Júnior, um dos proprietários da Casa da França, que vende vinhos, patês, biscoitos e chocolates importados, dentre outros. Na média, os reajustes ficaram em 10%.

Com a economia brasileira em desaceleração e a demanda mais fraca, as empresas terão mais dificuldade para repassar o efeito do câmbio. Mas a maioria dos analistas já prevê impactos inflacionários. “O dólar já aparece como pressão nos preços na inflação medida no atacado, em algum momento ele começará a aparecer na ponta da inflação ao consumidor ”, afirma Carlos Nunes, gerente estrategista de renda variável do HSBC.

O câmbio mais alto ajuda a piorar também a pressão dos preços das commodities agrícolas que subiram fortemente e são cotadas em dólar, sobre a inflação. “O aumento do preço do milho, aliado à subida do dólar tem reflexo em toda a cadeia de carnes, por exemplo, já que o milho é usado também na fabricação de ração”, diz.

Empresas e analistas esperam um dólar entre R$ 1,95 e R$ 2,10 até o fim do ano. “A menos que haja um choque externo mais agressivo por conta da crise econômica internacional, a tendência é a moeda americana fique nesse patamar”, diz Nunes.

Fonte: gazeta

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